segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

"Mãos de Sal" estreia no FACE - Fórum de Arte e Cultura de Espinho, antiga Fábrica Brandão Gomes

(A Varina da Brandão Gomes)

A Fábrica Brandão Gomes foi construída na zona sul de Espinho pela sociedade Santos Ciene & Companhia em 1876. Esta fábrica dedicava-se às conservas de peixe em sal

No ano de 1894, Alexandre Brandão, Henrique Brandão e Augusto Gomes, constituem a sociedade Brandão, Gomes & C.ª. A sociedade vai adquirir o terreno de uma antiga fábrica de conservas de escabeche de peixe, que um incêndio tinha destruído, e sobre as suas ruínas construir uma nova fábrica.
As conservas de sardinha constituíam a principal produção da fábrica. Mas a actividade estendia-se a uma imensa variedade de peixes, carnes, aves, caça, legumes, queijos, frutas em calda, geleias, pickles, molhos e azeite.
Em situação de falência, a empresa em 1985 encerrou definitivamente as suas portas como centro conserveiro.
Adquirida pela Câmara Municipal de Espinho, a antiga fábrica foi demolida em 2001 e o corpo administrativo integrado no projecto de reutilização como equipamento cultural – Fórum de Arte e Cultura de Espinho – da autoria do Arq.º Nuno Lacerda Lopes.

domingo, 27 de fevereiro de 2011

A chamada aos desaparecidos

Quando havia um naufrágio, era vulgar que nem sempre as vitimas dessem à costa, ao prazo habitual, que era geralmente de três dias. Então as vareiras, com velas acesas e em grupo, percorriam a beira-mar, chamando em altos brados os ausentes pelo seu nome.
Era crença que eles ouviam o chamamento e que, na manhã seguinte, os seus corpos arrolavam à praia”.

domingo, 20 de fevereiro de 2011

Os Pregões das Vareiras

Pela manhã, muito cedo, as vareiras vão à companha comprar o peixe acabado de sair na rede. Levam à cabeça numa canastra, o peixe que compraram e percorrem toda a cidade e arredores apregoando a sua venda, cantando pregões assim:
-é de Espinho a bolir!...
-é do nosso mar a bolir!...
-é de Espinho viva!...
-sardinha do nosso mar!...
-sardinha da pequenina!....
-é da miúda, é d'agora viva!...
-vivinha de Espinho!...
-vivinha a saltar!...
-como cavala!...
-oh que rica para assar!...
-chicharrinho do nosso mar!...
-riqueza de Espinho!...

O peixe, muitas vezes, é vendido na própria praia, e ouve-se vareiras a apregoar:
- É de Espinho viva, peixinho do nosso mari!...

segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

A lenda da Bicha de Sete Cabeças de Silvalde

“Junto à Ribeira de Silvalde”, nas proximidades de uma ponte que foi romana e que já não o é por obras e vontade da gente de outros tempos, existia um campo e dele tirava o sustento uma mulher, com as forças do seu suor e trabalho. E assim ela estava, quando viu em sua direcção aproximar-se bicho nunca visto, que só de cabeças tinha muitas, e de cujas intenções a mulher fez tal juízo que logo deitou a correr no meio de grande gritaria. E porque estas coisas do susto se pegam como pestes e maleitas, com ela fugiriam todos os que por ali mourejaram, sem causa ou nome de tamanho alvoroço.
Com a noite ficou maior a canseira e, apesar do acontecimento ter perturbado o sono de muitos mais que alguns, acabaram todos por adormecer sobre os seus receios. Assim estava o povoado quando, altas horas da noite, o despertou súbito alarido, feito de balidos e cacarejos e tudo quanto é fala e canto de animais de criação, mas nada mais viram que os despojos da confusão, entre animais degolados e feridos de morte certa, além de muito sangue espalhado pelo chão.
Foi assim que decidiram os camponeses que um deles ficaria a vigiar durante a noite, enquanto esperavam pelo nascer do sol para ver o que melhor conviria fazer. E porque se lembraram ainda do que a mulher tinha visto e contado, mais decidiram que o que fosse escolhido para vigiar tocaria uma corneta para toda a gente chamar se algo de novo acontecesse.
Começava a aurora a render a noite, quando se ouviu a correcta e, como estava combinado, todos acorreram ao chamado. Então, o que de entre eles tinha logo fugido para a floresta vizinha, destruindo hortas e cultivos.
Ouvindo o que ora se contou, ajustaram os camponeses matar o monstro, pelo que se armaram de paus, varapaus, foucinhas, ancinhos e o mais que à mão encontraram; e pelos campos fizeram batidas e no povoado esperaram dias e noites até que lhes aparecesse a bicha, o que veio a acontecer numa tarde cinzenta e chuvosa. Uns fugiram logo, mas outros a atacaram com redobrada força, golpeando-a em vários sítios e órgãos, só se detendo quando a julgaram morta. Então um dos homens dela se aproximou, mas a bicha o fez pagar com a vida o seu atrevimento, golpeando-o no pescoço. Desta feita, sobre ela de novo caíram os camponeses e com outros tantos golpes a mataram de vez.
Contaram-lhe as cabeças e acharam o número sete. Em seguida enterraram-na junto a um pilar da velha ponte romana ali construíram uma capela para celebrar o acontecimento.

(Semanário Maré Viva nº 398 de 12/7/84)

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Provérbios

_ Lua nova, lua cheia, praia-mar às duas e meia;
_ Lua nova deitada, marinheiro em pé;
_ Se queres aprender a orar, entra no mar;
_ Gota a gota, o mar se esgota;
_ Barco parado não faz viagem;
_ Há mais marés que marinheiros;
_ Se entra por terra a gaivota, é o temporal que a enxota;
_ Quem vai para o mar, avia-se em terra;
_ Depois da chuva, nevoeiro: tens bom tempo marinheiro;
_ Andar, marinheiro, andar, não te apanhe S. Simão no mar.